Composição: David Mourão-Ferreira e Pedro Rodrigues
Todo o amor que nos prendera, como se fora de cera, se quebrava e desfazia. Ai, funesta primavera, quem me dera, quem nos dera ter morrido nesse dia!
E condenaram-me a tanto, viver comigo meu pranto, viver, viver e sem ti. Vivendo sem, no entanto, eu me esquecer desse encanto que nesse dia perdi.
Pão duro da solidão é somente o que nos dão, o que nos dão a comer. Que importa que o coração, diga que “sim” ou que “não”, se continua a viver.
Todo o amor que nos prendera se quebrara e desfizera, em pavor se convertia. Ninguém fale em primavera! Quem me dera, quem nos dera ter morrido nesse dia…