Novo século, nova era de desequilíbrio O peso da miséria é o mundo mal dividido. Quando tenho o prato, cheio à frente, penso no vazio. Sabor do alimento provoca-me arrepio frio. Grito: “Liberdade!” Grito o que me vai no espírito. Contra a precariedade, sou um poeta maldito. Faz eco pela cidade, quando solto a minha voz. Mais alto que um político que diz: “Venha a nós! Venha a nós!” O vosso reino... dão-nos treino e lições de mural. O pobre quer soluções, não desfiles de Carnaval. Nas campanhas prometem. Dão palmadas nas costas do povo. Em dois mandatos ... Reforma vitalícia... Como nós no lodo. A riqueza de alguns salvava milhões de vidas. É a balança da justiça: dois pesos, duas medidas. (Marchem!) O povo é a máquina do país. Não queremos o que, p’ros nossos pais, o Salazar quis. Roubaram, mataram, esfolaram, torturaram. Várias décadas depois só as caras é que mudaram. Agora o roubo é legal. A tortura é psicológica (Golpe de estado!) É a cena mais lógica. Estamos fartos desses gajos, desses fardos tão pesados. Estamos fartos de ser explorados e roubados. Estamos fartos da miséria que o futuro nos reserva Promessas da Nova Era, os filhos da Nação à espera!
A solução está na rua, Na luta contra este Estado Novo, Unidos como nunca, O governo deve temer o povo (2x)
Todos somos escravos, embora pensamos que não. Sujeitos ao andamento do sistema e da pressão. Aos horários, ao stress, às regras, às leis Pelo janela eu observo e descrevo em papéis. Imagino o hino transformado em grito de guerra. Nunca serás genuíno no adeus à nossa terra. Nova vaga de emigrantes, como novos refugiados. O silêncio dos inocentes mantém no coleiro os culpados. Deitem cartas, leiam sinas, sigam os astros, sigam a Lua Em todo o lado está escrito que a solução está na rua. O povo vencido, dificilmente será unido. Enquanto houver futebol o povo está entretido. Não vivo assustado, já atingi a minha meta. Vivo preocupado pela filha, pela neta, Pelos jovens deste país lindo e mal gerido, Festejando as conquistas com o orgulho ferido Fodido: é a palavra mais exata! Quem faz frente na frente É esmagado como a barata Pelos robôs fardados que espalham o pânico Provocando o caos neste Portugal babilónico! Enfardam o cidadão, no interior fica a ferida São gajos que nos mordem a mão, quando lhes damos comida. Será o inferno de Dante, a revolta dos indignados Cocktails de molotof serão a revolução dos cravos"
O povo vencido, jamais será unido (4x)
A solução está na rua, Na luta contra este Estado Novo, Unidos como nunca, O governo deve temer o povo(2x)”