Quando eu vim da minha terra / Passei na enchente nadando Passei frio, passei fome / Passei dez dias chorando Por saber que de tua vida / Pra sempre estava passando Nos passo desse calvário / Tinha ninguém me ajudando Tava como um passarinho / Perdido fora do bando
Vamo-nos embora, ê ê Vamo-nos embora, camará Presse mundo afora, ê ê Presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra / Veja o que eu deixei pra trás Cinco noivas sem marido / Sete crianças sem pai Doze santos sem milagre / Quinze suspiros sem ai Trinta marido contente / Me perguntando "já vai?" E o padre dizendo às beata / "Milagre custa, mas sai"
Vamo-nos embora, ê ê (...)
Quando eu vim da minha terra / Num sabia o que é sobrosso Sabença de burro velho / Coragem de tigre moço Oração de fechar corpo / Pendurada no pescoço Rifle do papo-amarelo / Peixeira de cabo de osso Medalha de Padre Ciço / E rosário de caroço Pra me alisar pêlo fino / E arrepiar pêlo grosso Que eu saí da minha terra / Sem cisma Susto ou sobrosso
Vamo-nos embora, ê ê (...)
Quando eu vim da minha terra / Vim fazendo tropelia Nos lugar onde eu passava / Estrada ficava vazia Quem vinha vindo, voltava / Quem ia indo, não ia Quem tinha negócio urgente / Deixava pro outro dia Padre largava da missa / Onça largava da cria E os pai de moça donzela / Mudava de freguesia Mas tinha que fazer força / Porque as moça num queria
Vamo-nos embora, ê ê (...)
Eu sai da minha terra / Por ter sina viageira Cum dois meses de viagem / Eu vivi uma vida inteira Sai bravo, cheguei manso / Macho da mesma maneira Estrada foi boa mestra / Me deu lição verdadeira Coragem num tá no grito / E nem riqueza na algibeira E os pecado de domingo / Quem paga é segunda-feira