Estrela Da Tarde (Poema: J.C Ary dos Santos Música: F. Tordo Canta: C. do Carmo)
Estrela Da Tarde Poema: J.C Ary dos Santos Música: F. Tordo Canta: C. do Carmo Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo mordia. Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia. Meu amor, meu amor Minha estrela da tarde Que o luar te amanheça E o meu corpo te guarde. Meu amor, meu amor Eu não tenho a certeza Se tu és a alegria Ou se és a tristeza. Meu amor, meu amor Eu não tenho a certeza! Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram. Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram E entre os braços da noite, de tanto se amarem, vivendo morreram.
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!