Amor? Amar? Vozes que ouvi, já não me lembra onde: talvez entre grades solenes, num calcinado e pungitivo lugar que regamos de fúria, êxtase, adoração, temor. Talvez no mínimo território acuado entre a espuma e o gnaisse, onde respira - mas que assustada! uma criança apenas. E que presságios de seus cabelos se desenrolam! Sim, ouvi de amor, em hora infinda, se bem que sepultada na mais rangente areia que os pés pisam, pisam, e por sua vez - é lei - desaparecem. E ouvi amar, como de um dom a poucos ofertado; ou de um crime.
De novo essa vozes, peço-te. Escande-as em tom sóbrio, ou senão, grita-as à face dos homens; desata os petrificados; aturde os caules no ato de crescer; repete: amor, amar. O ar se crispa, de ouvi-las; e para além do tempo ressoam, remos de ouro batendo a água transfigurada; correntes tombam. Em nós ressurge o antigo; o novo; o que de nada extrai forma de vida; e não de confiança, de desassossego se nutre. Eis que a posse abolida na de hoje se reflete, e confundem-se, e quantos desse mal um dia (estão mortos) soluçaram, habitam nosso corpo reunido e soluçam conosco