Alfama não envelhece, E hoje parece Mais nova ainda. Iluminou as janelas Reparem nela Como está linda. Vestiu a blusa clarinha Que a da vizinha É mais modesta, E pôs a saia garrida Que só é vestida Em dias de festa.
Becos, escadinhas, ruas estreitinhas Onde em cada esquina há um bailarico. Trovas p'las vielas, e em todas elas Perfume de manjerico. Risos, gargalhadas, fados, desgarradas, Hoje em Alfama é um demónio. E em cada canto um suave encanto De um trono de Santo António.
Já se não ouvem cantigas, E as raparigas De olhos cansados Ainda aproveitam o ensejo De mais um beijo Dos namorados. Já se ouvem sinos tocando, Galos cantando À desgarrada. E mesmo assim dona Alfama Só volta pra cama Quando é madrugada.