Lá vai no mar da palha o cacilheiro, Comboio de lisboa sobre a água: Cacilhas e seixal, montijo mais barreiro. Pouco tejo, pouco tejo e muita mágoa.
Na ponte passam carros e turistas Iguais a todos que há no mundo inteiro, Mas, embora mais caras, a ponte não tem vistas Como as dos peitoris do cacilheiro.
Leva namorados, marujos, Soldados e trabalhadores, E parte dum cais Que cheira a jornais, Morangos e flores. Regressa contente, Levou muita gente E nunca se cansa. Parece um barquinho Lançado no tejo Por uma criança.
Num carreirinho aberto pela espuma, La vai o cacilheiro, tejo à solta, E as ruas de lisboa, sem ter pressa nenhuma, Tiraram um bilhete de ida e volta.
Alfama, madragoa, bairro alto, Tu cá-tu lá num barco de brincar. Metade de lisboa à espera do asfalto, E já meia saudade a navegar.
Leva namorados, marujos, Soldados e trabalhadores, E parte dum cais Que cheira a jornais, Morangos e flores. Regressa contente, Levou muita gente E nunca se cansa. Parece um barquinho Lançado no tejo Por uma criança.
Se um dia o cacilheiro for embora, Fica mais triste o coração da água, E o povo de lisboa dirá, como quem chora, Pouco tejo, pouco tejo e muita mágoa.