Beijei teu retrato, esborratou-se a tinta, num corpo abstracto que a saudade pinta... E a esquadrinhar teus traços já dei por mim louca: ‘Diz-me lá, Picasso, onde ele tem a boca?’
Esse teu retrato vou expô-lo em Paris, já usado e gasto ver se alguém me diz onde é que te encontro, se não te perdi...
Por te ter chorado desfiz o meu rosto e num triste fado encontrei encosto. Dei-me a outros braços mas nada que preste... ‘Diz-me lá, Picasso, que amor é este?’
Este meu retrato vou expô-lo em Paris, e assim ao teu lado eu hei-de ser feliz. Se nunca te encontro nunca te perdi.
Sei... não há só tangos em Paris, e nos fados que vivi só te encontro em estilhaços
Pois bem, Tão certa, espero por ti. Se com um beijo te desfiz, com um beijo te refaço!