As mãos frias sobre o teu pescoço, sobre o teu respirar, Causam arrepios e provocam o pânico, Sem controlo tentas escapar.
Na pele abrem-se as fendas que deixam transparecer o teu medo, A tua fala fica suspensa, queres desaparecer, Mas não reconheces nada à tua volta
Com as mão / será a minha angústia Que uso / Devoras a voz uma vez Para te / Roubas a inocência que fiz Comer / Vês-te na cor da minha carne
As mãos cobrem-te a boca, perdes os sentidos, mas não acaba. Horas que parecem séculos, a tremer… Sem segurança nem réstia de esperança
Fraquejam-te os membros, o suor escorre, O tempo ganha dimensões perpétuas Enquanto vais para dentro de ti Com o desejo do fim
Com as mão / será a minha angústia Que uso / Devoras a voz uma vez Para te / Roubas a inocência que fiz Comer / Vês-te na cor da minha carne
Dormente, esqueces-te de ti Perturbada, só pensas em mim
Cinco sentidos, outros tantos pesadelos A visão atordoada e real O cheiro do teu receio animalesco O sabor podre das minhas mãos Na tua boca, ouvir o estranho, a voz a gritar de fora É o toque áspero que te domina a consciência Que chegou o momento do terror
É o que sempre quiseste ser, mas que nunca te vai abandonar, Entoas o teu choro e embalas para o esquecimento Ah que som esse… Olhos de vidro baloiças num movimento incessante Rasgas a roupa, queimas a tua beleza Só tu sabes o que é viver encarcerada
Com as mão / será a minha angústia Que uso / Devoras a voz uma vez Para te / Roubas a inocência que fiz Comer / Vês-te na cor da minha carne