Por ser de lá Do sertão, lá do cerrado Lá do interior do mato Da caatinga do roçado. Eu quase não saio Eu quase não tenho amigos Eu quase que não consigo Ficar na cidade sem viver contrariado.
Por ser de lá Na certa por isso mesmo Não gosto de cama mole Não sei comer sem torresmo. Eu quase não falo Eu quase não sei de nada Sou como rês desgarrada Nessa multidão boiada caminhando a esmo.
Sou viramundo virado Nas rondas das maravilhas Cortando a faca e facão Os desatinos da vida Gritando para assustar A coragem da inimiga Pulando pra não ser preso Pelas cadeias da intriga Prefiro ter toda a vida A vida como inimiga A ter na morte da vida Minha sorte decidida Sou viramundo virado Pelo mundo do sertão Mas ainda viro este mundo Em festa, trabalho e pão Virado será o mundo E viramundo verão O virador deste mundo Astuto, mau e ladrão Ser virado pelo mundo Que virou com certidão Ainda viro este mundo Em festa, trabalho e pão