No sopro frio de um coração gelado Onde sentes o apertar da manhã tépida Sentes o caminhar aleatório das nuvens perdidas sobre a tua cabeça E sentes-te renascido e morto ao mesmo tempo Adormeces a pele com um café morno e um cigarro Cheiras mal da noite anterior, tabaco, álcool e mijo Pouco te importa, a vida não é tua, apenas o cheiro Acordas e pouco mais Abres a janela para ver como está o tempo É a poesia de um mau momento
Quem sou eu Quem és tu O que interessa Quem morreu Serei eu Serás tu O corpo hirto e nu
Vestes a roupa apressadamente que te tens de ir Ao final do dia, voltas a vestir o fato de treino Televisão, masturbação, hipnotizar o gato, estender a roupa Afiar a faca que te irá abraçar no teu último suspiro Que preferes a dor ao amor O sofrimento ao esplendor O preto ao colorido E na dança convulsa dos nossos corpos moribundos Agarrar a tua mão e sentir-te, morta e ainda a respirar Deixar-te no chão, tratar-te como excremento É a poesia de um mau momento