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Paulo de Carvalho - O FADO DAS "CAIXAS" | Текст песни

FADO DAS “CAIXAS”
Poema: José Niza
Musica: Paulo de Carvalho

Alma tua gentil que te sumiste
Tão cedo desta vida, descontente
Repousa lá na morgue e faz tijolo eternamente
Esticaste, sem ter caixa e sempre triste

Doente, estás na bicha, um entre mil,
Credencial em punho, horas a fio,
Desde as 6 da matina lá no posto, posto ao frio
E à noite deste o bafo…tra-la-riu…

Seis meses aguardaste a marcação
E a consulta foi-se num minuto;
A família de luto e tu morto, meu Bruto,
E venham cá falar-me ao coração!

Vinte e tal por cento pagarás
Pr’á caixa e pr’ó abono de família,
Mas até p’ra morreres foi p’ra o prego a mobília:
Vinte e tal por cento e dois sofás.

Desde o Outono a votar, és democrata,
Já tens Constituição e um partido,
Mas deu-te a pulmoeira e o catarro tens sofrido:
Esta vida não ata, nem desata.

Seis meses aguardaste a marcação
E a consulta foi-se num minuto;
A família de luto e tu morto, meu Bruto,
E venham cá falar-me ao coração!

Quando morreres por fim, meu caro, paciência!
É o teu fado em dó, a tua vez:
Recebes a pensão, um caixão e mais um mês
E pêsames da tua providência.


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