Nem Tudo Se Perdoa (Fado Alexandrino Joaquim Campos E)
Eu não te quero ver passar à minha porta Com esse olhar sem fé, sem alma, sem calor; A saudade morreu e uma saudade morta É gelo em vez de lume, é ódio em vez de amor!
Eu não te quero ver passar à minha rua Nesse ar triste, abatido, indolente e cansado; O lar que já foi nosso, a casa minha e tua, Fechou de vez a porta ás sombras do passado!
Eu não te quero ver nem mesmo de mãos postas E joelhos no chão, como há pouco te vi; Se inda gostas de mim, como dizes que gostas, Não me faças lembrar o que há muito esqueci!
Deixa a rua onde eu moro. E se um intimo esforço Te fizer redimir de um crime sem perdão, Não deixes, ao subir, o peso do remorso, Nem marques, ao descer, o custo da traição!