o ano é dois zero zero cinco e sinto que não percebes, que nos roubas tempo a cada minuto de calma que pedes recebes tanto enquanto nos pagas numa utopia, como memórias e crónicas em slides sem fotografia, por ti um dia é uma semana lenta e dura, a pobreza leda acumula traços desta cultura, e enquanto dura a tuga atura em prol dos luxos de um salário, num trabalho que ou precário ou é temporário, como um otário preso a realidade que desfoca a história, aquilo que nos contas são montras de falsa glória, esquecida em livros que nenhuma escola ensina, como o roubo e a exploração numa expanção ultramarina, e em séculos de história triste, conquistador de mares, ao parares verás o quanto mudas-te e nem ligas-te, que só levas-te a atitude tuga com ela, que os teus condumínios de luxo têm escrúpulos de favela, por ti a minha gente sente e foge deste cenário, vende-mos o futuro que bulir é duro mas necessário, e a emigração em massa mostra que por ti ninguém tenta, esperar pelo amanhã que a espera mas não nos alimenta, por ti portugal a fome gere a delinquência, a educação que queres não diferes na adolescência, e a escolaridade mínima obrigatória é nula, porque a prioridade é se orientar meios para dar a fuga, é procurar ajuda de forma dura ou sublime, cagar para isto ou inflacionar taxas de crime, ser o cidadão exemplar que ainda procuras, o eterno pobre sufocado em promessas de ajudas, ser o momento em que a escolha não é real, ser condenado pela miséria ou por um tribunal, como um refém preso dentro da própria casa, cegos de esperança numa ânsea que não passa... por ti portugal suporta-mos este carma, em visões de bairros que a miséria não desarma, em visões de adultos em bules que não valem nada, e em visões de putos sem matéria lecionada, por ti espera-mos pelo conforto e uma voz de comando, por ti chora-mos e só sorri-mos uma vez por ano, por cantar-mos um hino até que a voz se gaste, a uma bandeira que se mantém a meia haste, (2x) por ti portugal a nossa vista é limitada, retraída numa imagem suja e degradada, de pobres sem abrigo em instituições sem tecto, ou de doentes a implorar guito em carruagens de metro, de imigrantes desiludidos e abatidos, de ucranianos e zucas licenciados em bicos, de assaltos à mão armada num bules de madrugada em claro, que nesse horário o centro de emprego está fechado, tu vês, tu olhas, tu tens a noção destes sumários, mas preferes manter o tema em textos de jornais diários, e tudo o que apresentas são soluções temporárias, que pensas que compensas com penas e precárias, por ti portugal vive-mos fechados do mundo, pobres mas educados pela sociedade de consumo, felizes com tão pouco, distraídos com TV's, com fome e com frio enquanto nos dás TGV's, enquanto ignoras os bairros, pais e filhos da miséria, e focas atenções em assuntosd sem matéria, desvias atenções para um orgulho sem fronteiras, de uma selecção que põe o povo a hastear bandeiras. por ti portugal suporta-mos este carma, em visões de bairros que a miséria não desarma, em visões de adultos em bules que não valem nada, e em visões de putos sem matéria lecionada, por ti espera-mos pelo conforto e uma voz de comando, por ti chora-mos e só sorri-mos uma vez por ano, por cantar-mos um hino até que a voz se gaste, a uma bandeira que se mantém a meia haste, por ti