A cantiga popular ao passar Todos a julgam banal e afinal Vai sorrindo à própria dor Cantando em trovas de amor O seu destino fatal
Cantiga da rua, das outras diferente Nem minha nem tua, é de toda a gente Cantiga da rua Jamais se habitua Aos lábios de alguém Vive independente É de toda a gente Não é de ninguém
A pobreza é mais feliz, porque diz Em voz alta o seu pensar, a cantar E é à rua que ela vem Como fôra a própria mãe As suas mágoas contar
Cantiga da rua Veloz andorinha Não pode ser tua E não será minha Cantiga da rua Que sobe e flutua Mas não se detém Inconstante e louca Vai de boca em boca Não é de ninguém