Você não teve muito tempo Para pensar em contratempos A não ser aquele problema do coração E agora você toma remédio pra pressão E o mundo que você construía Ruiu na água fria E quando você diz que nada é mais o mesmo sob o céu Você mente, sr. Coronel
Você é muito bem letrado Leu livros e tratados Dançou a valsa dos coroados Teve amigos influentes no magistrado Já rodou os quatro cantos da terra Mas hoje vive no escuro de uma caverna Porque lá é o seu lugar Lá é o seu quartel Não é mesmo? Sr. Coronel
Você era do tipo que acreditava Em cada sílaba das palavras Acenava as mãos e mostrava os dentes Para bispos e presidentes Mas até a bíblia sagrada Esconde as próprias navalhas E se a vida é uma noiva Então a sua está sem véu Não é mesmo? Sr. Coronel
Você volta com pressa Limpa com o lenço o suor da testa E se tranca porque sente medo Daquele repetido pesadelo Do mostro que saiu da sua casca E enquanto você olha a vida passar pela vidraça É quando você se toca de que nesse carrossel Você está só Sr. Coronel.