A par de tudo que nasce com a alvorada Vem lá do fundo e cresce pela madrugada Rompe um clarão de trompas e raios feitos dia Traz-se a aurora que outrora era ventania Segue-se assim por um fio que nunca é nada
As duas caras de que se vestem pessoas São bem mais caras do que uma fome das boas Enquanto as duas farsam ser a mesma coisa De noite a sorte sempre apontará à toa E quando atinge é a mais cara que se magoa
Foge para na foz da noite chegar Só quer ver o luar Tem no chão A canção De embalar
E de manhã para não despertar Com outra luz, a solar Que conduz Outra vez
Se já na natureza se reza as valências E nunca despreza nem lesa as cadências Das variadas faces das quatro estações Como é possível o homem não sofrer alterações? Insistem alturas em que é a própria lua Que se despe e aventura talvez por amargura E conforme quem dorme na fome minguante Ela aparece cheia de luz palpitante Já nem há certeza que a razão que se empresa Vive numa só cara e conta com a firmeza De fazer frente à lua ou a gente de manias Parece que agora, carecem por fora Seres que adoram a mesma cara Todos os dias
Foge para na foz da noite chegar Só quer ver o luar Tem no chão A canção De embalar
E de manhã para não despertar Com outra luz, a solar Que conduz Outra vez A acordar
A luz e a sombra são duas forças divididas Faz com que tudo tenha faces repartidas Como se dentro de cada um vivessem cores Que iluminam ou escurecem bastidores E cá por fora só aflora a luz das dores
Foge para na foz da noite chegar Só quer ver o luar Tem no chão A canção De embalar
E de manhã para não despertar Com outra luz, a solar Que conduz Outra vez A acordar