Canto o povo triste de quem sou louco em cantar para esquecer os sonhos tidos na manhã da vida sol de madrugada livre no morrer canto a heroicidade conformada de quem chorando se atreve a cantar barco perdido na prisão das ondas as velas rasgadas o leme a quebrar canto a solidão a ocidente ligada à terra que nos viu nascer a covardia feita de orações na doce esperança de poder morrer canto o desespero fatalista de quem sofrendo se deixa ficar olhos cansados enxada na mão trabalhando a terra que lhe vão roubar canto o meu poema de revolta ao povo morto que não quer gritar que já são horas para ser felizes que é chegado o dia do medo acabar.