Foi um tempo que o tempo não esquece Que os trovões eram roncos de se ouvir Todo o céu começou a se abrir Numa fenda de fogo que aparece O poeta inicia sua prece Ponteando em cordas e lamentos Escrevendo seus novos mandamentos Na fronteira de um mundo alucinado Cavalgando em martelo agalopado E viajando com loucos pensamentos
Sete botas pisaram no telhado Sete léguas comeram-se assim Sete quedas de lava e de marfim Sete copos de sangue derramado Sete facas de fio amolado Sete olhos atentos encerrei Sete vezes eu me ajoelhei Na presença de um ser iluminado Como um cego fiquei tão ofuscado Ante o brilho dos olhos que olhei
Pode ser que ninguém me compreenda Quando digo que sou visionário Pode a bíblia ser um dicionário Pode tudo ser uma refazenda Mas a mente talvez não me atenda Se eu quiser novamente retornar Para o mundo de leis me obrigar A lutar pelo erro do engano Eu prefiro um galope soberano À loucura do mundo me entregar