Não adianta mentir pra mim mesma Ficar me enganando, tentando dizer Que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce Porque por mais que eu queira esconder A verdade é que eu adorava pão doce Não podia passar sem pão doce Bastava ver padaria, que logo eu ia, que logo eu ia Comprar Não adianta mentir pra mim mesma Porque no fundo, porque no fundo eu sei muito bem Que essa história toda de não comer açúcar Que essa história toda de não comer pão branco Que essa história toda de viver de mel e pão integral Isso tudo só foi começar muito depois Depois de um tempo em que eu era Tão completamente ingênua Tão sem força de vontade Que as doces delicadezas De qualquer guloseima Lânguidas me seduziam E minha língua sofria De incontrolável fascínio Por cremes dourados E frutas cristalizadas Feito rubis incrustadas Nas crostas crocantes dos pães Mas hoje Hoje tudo é diferente Se eu olho pruma padaria, me ponho cismando, chego a duvidar Como é que pôde um dia Eu ter entrado tanto lá!... Porque por mais que eu queira, mas que eu queira Mentir pra mim mesma Ficar me enganando, tentando dizer Que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce Fazendo um exame detido, sendo sincera, eu tenho que admitir Que a verdade, meus amigos (pelo menos no que tange a trigos) A verdade no duro, doa a quem doer A verdade é que eu adorava pão doce A verdade é que eu adorava pão doce A verdade é que eu adorava pão doce...