Romance à aclamação de D. João III em 1521 Letra: Gil Vicente Música: V. Reino
Dezanove de Dezembro perto era do Natal na cidade de Lixboa mui nobre e sempre leal foi levantado por rei dos reinos de Portugal o príncipe dom João príncipe angelical, na cabeça leva luto pelo seu pai natural. O seu rosto tam fermoso que parece devinal sua boca graciosa com ar mui angelical um sembrante soberano um olhar imperial. Nam foi tal contentamento no povo todo em geral como ver na rua Nova ir o seu rei natural Os forasteiros deziam: mui ditoso é Portugal. O conde priol levava a bandeira principal, todolos grandes a pé quantos há em Portugal. Chega assi a Sam Domingos onde estava o cardeal e deu logo juramento jurou num livro missal de fazer comprir as leis como lei emperial. Confirmou os previlégios desta cidade real os povos muito contentes de rei tam especial Isto tudo assi acabado vão gritando: arraial! Ali tocam as trombetas atabales, outro tal, todos lhe beijam a mão os senhores em geral.